O nosso recanto

terça-feira, 27 de agosto de 2024

FÉRIA DE VERÃO 2024 - CASA-MUSEU DA QUINTA DE SANTIAGO

Um livro se abre. Uma história nos transporta.  

Matizar uma experiência, outrora desfrutada por alguns Mágicos, sob a pena de uma plenitude prazerosa, onde o espanto não fala ou se bole. Embrenhados num nundo desconhecido, em instantes pormenorizadamente declamados por vozes e silêncios sobre pessoas com nome, mas onde os seus rostos apenas figuram entre retratos que ali ou acolá se acomodavam estáticos. Pregados a uma parede. Finados. Falavam de seus viveres felizes e das angústias sentidas. Da edificação arquitetada pela mão firme, que fizera o lápis mover-se pelo traço prodigioso e o rigor soberano de seu autor. Falamos da Quinta de Santiago. Foi tempo de sermos os privilegiados nesta visita. A nossa boca pasmada teve um contacto real com toda a história deste lugar e suas gentes pela dramatização de um funcionário leal à família Santiago de Carvalho e Sousa, de seu nome Gervásio. Digno funcionário das cavalariças. Este sempre manteve um contacto próximo dos seus arrais. A Quinta de Santiago, é um edifício erigido no final do século XIX, e projetado pelo arquiteto italiano Nicolau Bigaglia. Uma relíquia histórica e cultural. Esta residência senhorial não só encapsula a elegância do passado, como também é uma guardiã de histórias de amor e perda. João Santiago, seu fundador, descendia da fidalguia. Uma classe com raízes muito conservadoras nesta época. Contrariou as convenções porque se regia enamorando-se por uma burguesa de seu nome Maria Carolina. O inebriamento do seu coração por esta mulher levou-o a enfrentar a resistência voraz de seu pai. Este recusou o pedido de aliança matrimonial devido às diferenças sociais e de idade entre ambos. A audácia do seu amor velou para que ficassem juntos. João e Carolina casam-se em segredo e vão morar para o Paço de S. Cipriano, em Guimarães, tornando-o sua residência permanente. A distância entre as cidades de Guimarães e Porto levou Carolina a pedir a João que construísse uma casa entre as urbes, dando origem à magnânima Quinta de Santiago. Ao transpormos os portões desta linda propriedade somos de imediato transportados para o interior de um conto deslumbrativo. A visita guiada revelou os detalhes arquitetónicos da casa, onde a sua presença se faz sentir até no mais singelo recanto. Singularmente a casa está ornada com vários “S´s” escondidos nas paredes, portas e até na lareira, revelando homenagem silenciosa à família Santiago. Cada sala é um relicário riquíssimo de obras de arte e mobiliário da época, narrando histórias de tempos idos. Aqui o nosso guia partilhou a triste história do filho do casal, Dinis, que falecera jovem. Este acontecimento trágico outorgava e acrescentava a todo aquele espaço uma dimensão íntima e melancólica. A complexidade e fragilidade da vida foi sentida por todos. Um frio vazio nos ossos que se agarram à matéria dos nossos corpos cristalizou-nos. Aqui vivemos uma imersão na arte, na história e na beleza da criação humana. A valorização do passado, a compreensão da dor sentida no momento da perda e a celebração da alegria artística, foram elementos contemplativos e de reflexão a par da harmonia sentida pelo verde dos jardins e das cores que o tingiam. Regressamos trazendo na algibeira a história de João Santiago e Maria Carolina, a trágica perda de Dinis, a magnificência da arquitetura de Bigaglia. Iremos retirar da algibeira estas memórias quando a saudade assim o desejar.







































































































































































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